
Em frente ao oceano
venho desvendar a fantasia
como que num deambular
entre ocasos intemporais
e simulacros de acasos.
Confronto-me com o oceano
embarcando no seu transe.
Na minha mente
evolui uma monção geminada
que resulta no dual sentido
de estar atento e alienado.
Se a brisa me afaga o rosto
se as algas me cobrem os pés
não deixo eu de ser a brisa
nem hesito em viver na alga
ou em divagar pela melodia
deste Todo que se retém
sem nunca se repetir.
Em frente do mar
embriago-me em gradações
do original, pelo absurdo,
até ao absoluto reavivar
em cada grão de areia
uma réstia de eternidade
uma abstracção débil
com um gosto salgado
de um oceano interior.
Sou dele a taça
as margens, o leito;
sou um verso vivo
na poesia dos meus avós;
sou a veia conducente
ao coração da terra-mãe
ao meu ventre de viver
e de um dia morrer.
Algures, a ponte
como uma dádiva perene;
um salvo-conduto à passagem
da fantasia para o sonho
na bruma tranquila
entre duas madrugadas.
Ocasionalmente,
a candura do afago
de um fiozinho de sol
que desencadeia delírios
nas linhas de força
do cristal, feito de mim,
em frente ao mar.
...E a minha alma nua
a reinventar o salgado
e a maresia numa lágrima.
_________________LuMe
Luis Melo
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